
13 de novembro de 2017
Governo Edinho persegue servidor que foi seu adversário na disputa pela Prefeitura
Uso de modem que terminou em pedido de demissão para Célio Peliciari, candidato pelo PSOL, era corriqueiro, praticado por outros servidores do pedágio, mas resultou em pedido de demissão apenas para o adversário do prefeito; para outro servidor que admitiu a mesma prática foi ofertada suspensão do PAD
Célio Peiliciari, candidato a Prefeito de Araraquara pelo PSOL nas últimas eleições, servidor municipal concursado, agente de arrecadação do pedágio de Bueno de Andrada, está sendo ameaçado de demissão pelo governo Edinho Silva (PT). Além da sua atuação como agente político e como servidor, Célio participa do Conselho Municipal de Saneamento Básico e do Comitê de Gestão Democrática dos servidores.
Em maio, foi aberto contra ele um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) por causa do uso de um modem conectado indevidamente aos equipamentos do pedágio.
O servidor e candidato admite, como comprovam as imagens das câmeras de segurança anexadas ao processo, que conectou o modem de outro servidor aos equipamentos do pedágio para usar a internet. Ele foi ensinado a fazer isso por seus colegas de trabalho que já faziam esse mesmo procedimento quando Peliciari ainda nem era servidor municipal.
A perseguição do atual governo petista ao ex-candidato a prefeito pelo PSOL fica evidente pela diferença de tratamento dado aos casos semelhantes. O dono do modem admitiu o mesmo, que conectava seu equipamento ali para uso da internet, exatamente como seu colega. Para o dono do modem, a Prefeitura de Araraquara ofertou a suspensão do PAD. Para Célio Peliciari, o pedido foi de demissão.
A Portaria do PAD assinada pelo Prefeito é de nove de maio, mas Peliciari recebeu a notificação apenas no final de outubro, depois de uma procuradora ter se declarado suspeita para atuar no caso e outro advogado ter negado secretariar o processo alegando excesso de trabalho. Pela lei, o PAD tem que ser encerrado em 120 dias após a publicação da portaria, prorrogáveis por mais 60 dias.
Mesmo com o prazo legal de conclusão do PAD vencido dia 5 de novembro (180 dias), o governo Edinho insiste na punição contra o Célio Peliciari, do PSOL. Na prática, demití-lo não vai melhorar em nada a prestação de serviço do pedágio, não vai ajudar a proteger dados ou sistemas e nem vai resolver nada ali, mas vai servir para evitar que o servidor seja candidato novamente e vai retirar um homem combativo do Conselho Municipal de Saneamento Básico e do Comitê de Gestão Democrática dos servidores.
Por incrível que pareça, Edinho age nesse caso exatamente como Marcelo Barbieri (a comparação não deveria ser agradável ao petista) no caso do Marcelo Roldan. Nos dois casos, os prefeitos sabiam que o problema do funcionalismo não estava ali, nos dois casos os prazos do PAD foram desrespeitados, nos dois casos o que incomodava realmente não era o motivo alegado para o processo, mas sim a participação real e efetiva na vida política da cidade com propostas que não interessam a quem já está no poder.
“Fica evidente que o prefeito de Araraquara quer me tirar do páreo das futuras eleições com essa demissão; além de prejudicar minha vida pessoal, me deixando desempregado por causa de algo sem sentido”, diz Célio Peliciari.
Barbieri investiu tempo e dinheiro seu e dos cofres públicos defendendo a demissão de Roldan até a última instância, numa espécie de saga contra o servidor que ousou o desafiar. O SISMAR espera que o governo Edinho tenha um pouco mais de sensatez e não repita seu antecessor.