
3 de agosto de 2017
Regime estatutário e fim das abonadas: essa é a proposta de Edinho Silva para os servidores municipais
Previsão é de colapso do serviço público por adoecimento geral. Com tantos ataques ao funcionalismo em tão pouco tempo, prefeito de Araraquara mancha sua história e ajuda a afastar o PT dos trabalhadores
Edinho Silva (PT), prefeito de Araraquara, quer impor regime estatutário para os servidores municipais e acabar com a licença abonada. A intenção foi confirmada pessoalmente nesta quinta-feira, 3, durante a posse da Comissão de Combate ao Assédio Moral, sem o menor constrangimento. Além disso, como se já não bastasse, ele também avisou que pretende cortar o atestado para cuidar de dependentes, conhecido como atestado humanitário, e passará a contestar atestados e afastamentos. Para completar a cena, quis colocar no SISMAR – Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e Região a culpa pela dívida do Município com o INSS.
O recado, nas entrelinhas, é muito claro: Edinho está sentindo-se à vontade para provocar o Sindicato e desafiar a categoria e não terá remorso em atacar mais ainda o funcionalismo. Lembrando que ele já impôs perdas salariais para os servidores, com reajuste parcelado e abaixo da inflação (primeira parcela quatro meses atrasado em relação à data-base e a outra só em 2018), e ignorou o Sindicato durante as negociações. Não podemos esquecer que em seu mandato anterior, os servidores amargaram quase 40% de perdas salariais.
Com essa atitude, Edinho Silva dá um tiro no pé do serviço público da cidade. As condições de trabalho e os salários na Prefeitura de Araraquara já são ruins e muitos servidores adoecem por causa disso. Com os cortes anunciados pelo prefeito, a previsão do SISMAR é de colapso do serviço público, com número cada vez maior de afastamentos e pedidos de demissão. O resultado inevitável é a piora na prestação do serviço.
Mesmo os interlocutores mais próximos estão chocados com a nova intenção do prefeito de Araraquara. Muita gente dentro do Partido dos Trabalhadores não concorda com a posição de Edinho, mas ele vai fazer o que quiser. E não acreditem os mais inocentes que é para o bem da cidade. A menos que o prefeito petista admita que pensa como o João Dória Jr (PSDB).
Para o PT, o caminho para o necessário equilíbrio fiscal não pode ser pavimentado por sacrifícios do povo trabalhador. Segundo fontes internas do partido, Edinho está afastando o PT dos trabalhadores, despolitizando o debate sobre a coisa pública, inclusive ao adotar postura de ataque aos servidores e ao desrespeitar o Sindicato.
O País vive um momento de dilapidação dos direitos dos trabalhadores operado por políticos quase todos corruptos que estão mais interessados em atender os interesses de grandes empresas e do mercado financeiro do que do povo. Edinho Silva está se igualando a eles ao querer fragilizar ainda mais o pouco direito que ainda resta aos servidores depois dessa reforma trabalhista criminosa, com a ideia de regime estatutário para o funcionalismo.
Mas a crueldade do prefeito de Araraquara é maior. Ele quer tirar dos servidores o benefício que dá direito ao afastamento de até 15 dias úteis por ano para cuidar de dependentes que estejam doentes e necessitem de acompanhamento. O nome popular é atestado humanitário, que o prefeito do Partido dos Trabalhadores quer extinguir.
Não acabou. Edinho também deve achar que servidor municipal tem muito direito e resolveu que vai acabar com as licenças abonadas, conquistadas com duas greves históricas em 2010.
Parece que o famoso prefeito está com a cartilha do partido errado na cabeceira.
A categoria está atenta contra toda essa barbaridade. O SISMAR pode chamar uma assembleia geral a qualquer momento.
Sobre a dívida com o INSS, em nenhuma hipótese o SISMAR seria responsável por essa dívida, uma vez que ela foi criada por determinação do prefeito da cidade na época, Marcelo Barbieri (PMDB), ao decidir que iria “compensar” pagamento que considerava terem sido feito a mais. Qual poderia ser a responsabilidade do Sindicato nessa dívida? Mesmo assim, o SISMAR faz questão de desmentir o prefeito Edinho Silva e esclarecer que denunciou, sim, a sonegação do governo Barbieri na época com protocolos dos fatos para nove órgãos de fiscalização, inclusive Polícia Federal, Ministério Público e Tribunal de Contas. Os documentos estão arquivados e serão disponibilizados assim que possível.