
17 de maio de 2017
Superintendente do Daae afirma que Odebrecht teve interesse em comprar a autarquia
Transferência de serviços da Prefeitura para o Departamento e redução da taxa do esgoto solicitada pela Defensoria Pública vão destruir o que resta das finanças do Daae. Somado às perdas na ordem de 51%, vem privatização por aí, contas mais caras ainda, com serviços duvidosos e alto risco de corrupção
Em entrevista ao jornal da rádio morada na manhã desta quarta-feira, 17, o engenheiro Wellington Cyro de Almeida Leite, superintendente do Departamento Autônomo de Água e Esgoto (Daae) afirmou que, em anos anteriores, várias empresas demonstraram interesse em comprar a autarquia, entre elas a Odebrecht.
Analisando um pouco da história recente do Daae, a possibilidade de sua privatização parece mesmo cada dia mais próxima. Os vazamentos, de acordo com Leite, levam mais de metade de toda a água tratada pelo Departamento (51%, para ser exato), a estação de tratamento de esgoto está sucateada, a represa de captação de água está assoreada, faltam poços para abastecimento dos novos bairros populares.
Ao mesmo tempo em que tudo isso se agravava, a Prefeitura, com aprovação da Câmara Municipal, transferia serviços e responsabilidades para o Daae, como a manutenção das praças e jardins e atendimentos relacionados ao Meio Ambiente (resgate de animais, por exemplo). Além disso, no governo Marcelo Barbieri (PMDB), o terreno do Daae foi vendido para o próprio Daae e precisou de interferência do Ministério Público para que a autarquia não tivesse prejuízo maior ainda.
O atual prefeito, Edinho Silva (PT), respondeu para o jornal da Morada que o Daae não será vendido e que as finanças da autarquia serão saneadas.
Curiosamente, o caminho trilhado pela CTA foi o mesmo. Diante da situação crítica da Companhia agravada anos a fio, gestão após gestão, o então prefeito Marcelo Barbieri, quando questionado, negou sua privatização, afirmou que faria investimentos e renovaria a frota. O resultado, nós conhecemos.
Funcionário do Daae afirmam que, em reunião interna, Leite falou claramente que a única saída para a autarquia seria a privatização, caso os níveis de perdas não sejam reduzidos.
Em Matão, onde o serviço de tratamento e distribuição de água é privatizado, a população convive com contas altas, falta de água em bairros da periferia e cortes ilegais e abusivos, segundo notícias dos jornais locais.
O SISMAR é absolutamente contrário a qualquer tentativa de privatização parcial ou total do Daae. Entendemos que o acesso a água potável é um direito fundamental e não pode estar nas mãos da iniciativa privada, que só tem responsabilidade com seus lucros. A vida é o bem mais precioso que o homem possui e todos os elementos que a tornam possível são igualmente preciosos e devem ser protegidos. Quando uma das empresas interessadas é a Odebrecht, temos uma ideia clara do nível de corrupção a que estaríamos expostos.