
15 de fevereiro de 2016
Merendeiras começam mobilização por mais respeito e melhores condições de trabalho
Servidores com responsabilidade de alimentar os alunos da rede pública municipal são os que mais adoecem por causa do trabalho extenuante
Cansadas, adoecidas e desrespeitadas como profissionais, as merendeiras da Prefeitura de Araraquara decidiram dar um basta contra a sobrecarga de trabalho e o assedio moral e iniciaram um movimento para cobrar mudanças que efetivamente melhorem as suas condições de trabalho. Uma reunião foi realizada na sede do SISMAR neste sábado, 13.
As principais queixas ouvidas pelos dirigentes do SISMAR foram quatro: excesso de trabalho, que inclui lavar coifas, controlar estoque, pesos e qualidade dos alimentos; falta de material básico como desinfetante; falta de estrutura adequada, como cubas separadas nas pias e; defasagem do quadro de funcionários, por afastamentos e aposentadorias - por invalidez, em regra - que sobrecarrega as que ficam em serviço. “Faço a mamadeira na mesma pia onde corto carne, separo feijão e processo legumes. Se der intoxicação alimentar em alguma criança, é nas nossas costas que a responsabilidade vai cair”, desabafou uma das merendeiras na reunião.
A sobrecarga de trabalho também foi assunto discutido entre servidores e Sindicato, pelo impacto específico na categoria delas. “Em outras profissões, se um colega de trabalho falta por qualquer motivo, os outros continuam fazendo o seu próprio trabalho, sem ter que assumir nada a mais de serviço. Já no caso das merendeiras, se faltar uma, as demais terão que fazer a mesma quantidade de comida e no mesmo tempo como se estivessem com a equipe completa, uma assume o serviço da outra e isso sobrecarrega muito quem está trabalhando”, explica Luciano Fagnani, dirigente do SISMAR.
A partir desta primeira reunião, as merendeiras se organizarão dentro das unidades e o trabalho de mobilização continua. Em breve, será realizada uma assembleia com a categoria, na qual será decidida e votada uma pauta de reivindicações específicas das merendeiras. Esta pauta será entregue à Administração para que seja aberto um canal de diálogo para as negociações.
Entre outros pedidos, elas também querem uma correção salarial que aproxime o valor recebido na Prefeitura do valor que é pago na iniciativa privada para a mesma função, observadas todas as etapas do trabalho, como controle de estoque e de qualidade. “Hoje, trabalhamos mais do que uma cozinheira e ganhamos menos do que um ajudante de cozinha”, relatou outra servidora.